terça-feira, 10 de abril de 2012

O desafio de uma mente cativa

Preletor




O desafio de uma mente cativa



Na quinta-feira de 18 de abril de 1521, Lutero (1483-1546) na Dieta de Worms, diante do Imperador, dos príncipes e de clérigos é interrogado sobre a sua fé que tanto reboliço estaria causando à igreja romana, especialmente na Alemanha.  A pressão era para que Lutero se retratasse quanto à sua fé. Ele argumenta em tons respeitosos e com firmeza. A certa altura, na conclusão de sua breve exposição, declara: “.... estou vencido pelas Escrituras por mim aduzidas e minha consciência está presa nas palavras de Deus – não posso nem quero retratar-me de nada, porque agir contra a consciência não é prudente nem íntegro”.[1] Lutero, confiante na autoridade suficiente das Escrituras declara que a sua mente é totalmente cativa da Palavra de Deus e, por isso, não pode nem sequer cogitar de pensar de forma contrária. 
     
Uma das prisões mais sutis com a qual nos deparamos e, com frequência, sem perceber nela estamos, é a prisão de nossa mente.

Paulo escrevendo a Segunda Epístola aos Coríntios trabalha com um conflito evidente de “senhorio”: Quem é o Senhor de nossa mente e de nossa vida? Quais são os valores que priorizamos? A maneira como encaramos a realidade, por si só já não nos diz a quem servimos e o quadro teórico que nos circunda?

Diante das acusações dos falsos mestres que estavam influenciando a igreja de Corinto, escreve: “Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2Co 10.3-5).

Diante de tantos ensinamentos que tentam nos fazer cativos, qual o desafio da Igreja para o momento? É possível manter a nossa integridade intelectual em fidelidade a Deus?


Rev. Hermisten M.P. Costa



[1] Martinho Lutero, Discurso do Dr. Martinho Lutero Perante o Imperador Carlos e os Príncipes na Assembleia de Worms – Quinta-feira depois de Misericordias Domini. In: Martinho Lutero: Obras Selecionadas, São Leopoldo/Porto Alegre, RS.: Sinodal/Concórdia, 1996, Vol. 6, p. 126.

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