O
desafio de uma mente cativa
Na quinta-feira de
18 de abril de 1521, Lutero (1483-1546) na Dieta de Worms, diante do Imperador,
dos príncipes e de clérigos é interrogado sobre a sua fé que tanto reboliço
estaria causando à igreja romana, especialmente na Alemanha. A pressão era para que Lutero se retratasse
quanto à sua fé. Ele argumenta em tons respeitosos e com firmeza. A certa
altura, na conclusão de sua breve exposição, declara: “.... estou vencido pelas Escrituras por mim aduzidas e minha consciência
está presa nas palavras de Deus – não posso nem quero retratar-me de nada,
porque agir contra a consciência não é prudente nem íntegro”.[1]
Lutero, confiante na autoridade suficiente das Escrituras declara que a sua
mente é totalmente cativa da Palavra de Deus e, por isso, não pode nem sequer
cogitar de pensar de forma contrária.
Uma das prisões
mais sutis com a qual nos deparamos e, com frequência, sem perceber nela
estamos, é a prisão de nossa mente.
Paulo escrevendo a Segunda Epístola aos
Coríntios trabalha com um conflito evidente de “senhorio”: Quem é o Senhor de
nossa mente e de nossa vida? Quais são os valores que priorizamos? A maneira
como encaramos a realidade, por si só já não nos diz a quem servimos e o quadro
teórico que nos circunda?
Diante das acusações dos falsos
mestres que estavam influenciando a igreja de Corinto, escreve: “Porque, embora andando na carne, não
militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e
sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda
altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo
pensamento à obediência de Cristo” (2Co 10.3-5).
Diante de tantos ensinamentos que
tentam nos fazer cativos, qual o desafio da Igreja para o momento? É possível
manter a nossa integridade intelectual em fidelidade a Deus?
Rev. Hermisten M.P. Costa
[1]
Martinho Lutero, Discurso do Dr. Martinho Lutero Perante o Imperador Carlos e
os Príncipes na Assembleia de Worms – Quinta-feira depois de Misericordias
Domini. In: Martinho Lutero: Obras
Selecionadas, São Leopoldo/Porto
Alegre, RS.: Sinodal/Concórdia, 1996, Vol. 6, p. 126.
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